sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

O efeito Borboleta!


O dia 05 de fevereiro de 2014 foi marcante para minha família. Em 22 horas coisas surpreendentes aconteceram, incidentes profundos que marcariam e influenciariam nossa vida naquele ano de forma substancial, e eventualmente decisões futuras.

Em 1963, Edward Lorenz desenvolveu a “teoria do caos”  ou “efeito borboleta”, que se aplica a todas as áreas das ciências sociais, exatas, médicas, biológicas e humanas – e mesmo na religião. Em qualquer sistema que seja dinâmico, complexo e adaptativo.
Segundo esta teoria, o bater de asas de uma simples borboleta poderia influenciar o curso natural das coisas, e, desta forma, provocar um tufão do outro lado do mundo.
Neste dia, cheguei em casa às 17 hs e encontrei o meu filho Matheus e a Larissa (nora) literalmente dançando, em clima de euforia. Ele fora contratado por uma empresa em São Paulo havia telefonado enviando o contrato para a função de supervisão de Marketing, depois de cerca de 3 meses desempregado e vivendo debaixo de um enorme stress e insegurança.  Embora sua entrevista tivesse acontecido em São Paulo, seu trabalho seria Anápolis. Quando ele foi entrevistado não sabia desta vaga, mas na conversa com o Departamento Pessoal eles informaram que só havia esta vaga. Exatamente para a cidade em que gostariam de mudar.
No dia 06, um dia depois, outros dois eventos associados ao primeiro também influenciaram suas histórias. O caminhão de mudança chegava as 7.30 hs e as caixas ocuparam praticamente dois quartos em casa, depois de fazer a rota de navio do Panamá-Santos, e pela Rodovia, de Santos a Anápolis. E às 14 hs, o Matheus fecha o negócio da compra da casa em Anápolis City.

O efeito borboleta é sensível.

Ter Matheus e Larissa perto de nós foi um presente inusitado de Deus. Nunca imaginamos esta possibilidade de forma concreta. Matheus é uma fonte de alegria para nossas vidas e Larissa se tornou um presente de Deus para nós.  Compartilhar seu glamour, alegria, incertezas e crises, tem sido uma viagem, algumas vezes tensa, outras vezes de grande prazer. Comer seu risoto, partilhar o maravilhoso feijão temperado que minha esposa prepara, e jogar sequence se tornou um doce e construtivo hábito.
Vejam como “a teoria do caos” parece se aplicar.
Meses depois, Mauricio (pai da Larissa) também encontra emprego em Anápolis. Sair do Rio para nossa cidade parece bizarro. Como o bater de asas de uma simples borboleta influencia vidas, e como eventos isolados realmente tornam-se tão interligados, afetando diretamente a vida de tanta gente.
A Bíblia diz que quando os pastores receberam a notícia do nascimento de Jesus, eles foram tomados de espanto.

Espanto! 
Esta é uma palavra adequada para o Natal. Temos perdido a capacidade de nos espantar, de olhar para acontecimentos como movimentos de Deus.

Outras palavras são derivativas: Admiração, Assombro e louvor.

Gostaria, portanto, de propor outra versão da “teoria do caos”.
Que tal pensarmos na “teoria da ordem”, já que sabemos que nem mesmo o caos é caótico. Precisamos ver o “efeito Deus” no bater de asas de uma borboleta. Em gestos isolados e desconectados que se tornam profundamente transformadores na nossa história.

Humanamente falamos de “efeito borboleta”, mas teologicamente deveríamos falar do “efeito providência”.   As coisas não são uma mera sucessão de fatos acidentais e incidentais. Deus governa a história, o nascimento de Cristo cumpre um lugar especial na agenda do Eterno.

Veja como isto é verdade:
Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher” (Gl 4.4).

O que as Escrituras Sagradas nos ensinam é que os circuitos da eternidade colidiram com a cronologia humana. Quando o kairos e o kronos colidiram na cronologia humana e se entrelaçaram – Deus enviou seu filho.
Natal deve nos causar gratidão e espanto. Nada é desproposital. Tudo possui fluidez neste sistema complexo que é a vida. Não é o acaso que vai nos proteger enquanto estamos distraídos, mas os movimentos divinos, sua palavra, suas mãos que dirigem nossos destinos. Olhemos estas coisas com espanto e gratidão.

Não “teoria do caos”, mas providência e direção. Deveríamos sempre ver a “desconstrução” como um novo lance inusitado de Deus. Diante do caos deveríamos afirmar como o meu sábio presbítero Joe Wilding gosta de afirmar: “Só quero saber como Deus vai sair desta...”