terça-feira, 24 de abril de 2018

Valentina


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A chegada da Valentina trouxe grande alegria ao lar de Lídia e Mauricio. Ela sempre foi muito saudável e alegre, e os pais iam dia a dia celebrando a experiência de ter recebido um presente tão maravilhoso de Deus para suas vidas.

Quando estava com um ano e quatro meses, ela contraiu uma forte gripe obrigando os pais a irem ao pediatra, que depois dos exames convencionais chegou ao diagnóstico de que se tratava apenas de uma gripe. Entretanto, no outro dia foram obrigados a retornar ao médico e assim por três dias consecutivos, quando a médica constatou que ela estava com um quadro de pneumonia e precisava colocar um dreno no pulmão, encaminhando-a para Goiânia, onde tal procedimento deveria ser realizado.

Ao chegar em Goiânia, não havia vaga no Hospital Materno Infantil e ela vou encaminhada para outro médico, e seu quadro clínico se complicou rapidamente. Ela mal respirava, então ligaram para outro médico, e no Pronto Socorro Infantil, no final do dia, ela estava tão mal que o médico a atendeu apesar de sua agenda lotada. Diante da gravidade do quadro, o médico que já estava de saída para sua casa, acabou permanecendo no hospital das 18.30 às 0.30 hs, afirmando que os procedimentos foram realizados e que dentro de 5 a 6 dias ela recuperaria a saúde.

A medicação à base de corticóide começou a ser aplicada e no quarto dia seu inchaço aumentou significativamente e daí em diante, dopada, ela não mais acordava. O médico ficou preocupado com o fato dela estar dormindo ininterruptamente, um neurologista veio dar suporte e suspendeu a medicação, porque da forma como ela estava, corria risco de afetar o sistema nervoso central, embora reconhecendo que, ao suspender o corticóide, havia o risco de um derrame pleural, tratava-se, portanto, de um procedimento de risco.

Ele suspendeu a dose pela manhã e as três horas da madrugada daquele mesmo dia ela teve uma crise de asma muito forte e a médica passou a fazer o aerolin de resgate (bronco dilatador), até 8 da manhã, com oxigênio. Quando o médico chegou, fez o exame e constatou que ela tivera um derrame pleural e seguiram imediatamente para o centro cirúrgico onde colocaram um dreno no seu pulmão, que precisava ficar de 3 a 5 dias até retirar todo líquido do pulmão.

Apesar do procedimento correto e recomendável, ela não melhorava,  e durante o tempo do dreno ela desenvolveu um abcesso pulmonar e tiveram que manter o dreno por mais 15 dias. Seu quadro só piorava, e depois deste tempo o médico constatou que já não se tratava mais de um abcesso, mas uma telektasia pulmonar, que é a morte de um pedaço do pulmão.

Considerando tudo isto, o médico precisou tirou o dreno, apesar do pulmão estar ainda com muito liquido e risco de infecção, mas mesmo sem o dreno sua infecção não regredia.

Ela começou então a fazer sessões de fisioterapia pulmonar, todos os dias, e trocaram todos os remédios, entretanto, os resultados esperados não surgiam e ele afirmou que não poderia fazer mais nada além do que estava feito. Tentaram levar para são Paulo, mas o médico afirmou que ela não suportaria a pressão do avião e de ambulância seria inviável pela distância, e o que poderia ser feito naquele momento já estava sendo feito.

Uma infectologista foi chamada para analisar o quadro e uma junta médica foi formada para considerar novos procedimentos e Valentina passou a usar vancomicina, micacina e emipnem, três dos mais fortes antibióticos usados em UTI. Depois disto ela passou 10 dias neste tratamento, e quase que diariamente fazia uma tomografia e outros exames para avaliar como seu organismo estava reagindo.

Após 31 dias nos hospitais, o médico repetiu os exames e disse que os exames de sangue estavam bons , mas era preocupante a imagem do pulmão. Apesar disto o médico recomendou alta, e em casa, ela continuou tomando antibióticos via oral e uma semana depois deveriam voltar para novos exames.

No outro sábado quando retornaram, Mauricio foi chorando de Anápolis a Goiânia, quando num misto de ímpeto de fé e sandice, (muitas vezes estas duas realidades se chocam ou complementam, como nos demonstra o Evangelho: “Por que ainda incomodais o mestre? Ela já está morta!”) Lídia afirmou convictamente: “Nossa filha já está curada!”

O médico que a acompanhava havia dito que caso ela estivesse melhor, poderiam encaminhá-la para são Paulo. Ao chegarem em Goiânia repetiram todos os exames e quando os compararam, o atual e o da semana anterior, o médico bateu nas costas do Maurício e disse com os olhos cheios de lágrimas. “A princesinha não tem mais nada! Tem coisa que a medicina nunca vai explicar. A Valentina não tem nada!” Até mesmo a grave talektisia pulmonar não tinha mais sinal algum. O pulmão estava completamente zerado, e sua morte parcial sequer tinha deixado marcas. Na radiografia estava apenas a marca do dreno para provar que realmente ela havia passado por todos aqueles procedimentos. Exames posteriores foram feitos, mas não houve qualquer manifestação da pneumonia.
Ate hoje há um mistério no diagnóstico. Ninguém soube explicar a origem, se era bactéria, fungo, o fato é que pareciam que tinham mesmo que atravessar este deserto. Em nenhum momento a Valentina parecia triste, ela ria para todas as enfermeiras e nunca deixava de comer, o que dessem ela comia, apesar da grave enfermidade ela quase sempre dormia tranquilamente.

Quero registrar as palavras da própria Lídia:
“Com um ano e quatro meses ela me ensinou a ser forte, me ensinou a ter fé. Em nenhum momento ela deixou de crer que seria curada. Em três anos de casado, nunca tínhamos ajoelhado, chorado  e orado juntos, mas numa determinada noite, ali na solidão e tristeza, juntos ajoelhamos no hospital entregando a vida da nossa filha nas mãos do Senhor. Esta confiança persiste na família, sua cura tornou-se para nós um marco e sustento para a confiança em Deus. Nós nos recordamos do que passamos e sabendo como Deus agiu na nossa história isto nos sustenta. Quando Deus quer não tem médico nem doença. Saímos do hospital e uma semana depois ela estava curada“.

Registro também o testemunho do Maurício:
“O meu grande momento não foi a cura da Valentina, nós tivemos que ficar num hotel nas proximidades para dar melhor assistência, e numa noite, sozinho no hotel, eu liguei a ducha do banheiro e comecei a questionar a Deus, indagando porque minha filha estava sofrendo tanto. E ali mesmo eu ajoelhei e fiquei chorando cerca de meia hora, e aquilo lhe trouxe uma fraqueza indescritível. Sai do chuveiro e me deitei molhado na cama e depois desta experiência, acordei desfrutando de uma paz superabundante, a tal ponto de admitir a possibilidade de ficar sem sua filha sem ter angústia ou medo, como se tivesse arrancado do meu coração toda dúvida e desconfiança de Deus. Depois disso, conversei com a Lídia, e desde então, minha oração mudou. Eu realmente a consagrei a Deus, e estava disposto a até mesmo a perdê-la, reconhecendo que ela era do Senhor. Hoje ao ver as crises na empresa e trabalho, embora tenha minhas recaídas, tenho sabido lidar melhor com as pressões que preciso enfrentar”.

Um aspecto interessante é que as pessoas que convivem com Valentina a percebem de forma diferente, especial, como uma pessoa com uma latente espiritualidade. Certo dia ela, com quase três anos, ela falou para sua mãe: “mãe , tira uma fotografia de mim com Jesus”, e abriu os braços como se Jesus estivesse ao lado dela.

Certo dia ela disse para a vó Lú: “Sua casa no céu é muito linda!”, e a vó perguntou: “Como você sabe disto?” Ela respondeu: “Eu vi sua casa no céu, Jesus me mostrou. Ela é linda, você estava de óculos escuros naquela linda casa”. Todos que andam ao seu lado afirmam que ela possui um lado espiritual muito presente e abençoador.

Certamente Valentina é um presente de Deus. Deus a entregou duas vezes a seus queridos: Quando ela nasceu, e quando se recuperou desta enfermidade que surpreendeu até aqueles que trabalham na medicina.

Louvado Seja o Senhor!

quinta-feira, 12 de abril de 2018

Você foi aprovado!



D . Alzira Oliveira Pina era de família humilde, sem qualquer formação intelectual, e casou-se com Irineu, que buscava a sobrevivência fazendo trabalhos aqui e acolá, com grande atração pelo garimpo, sonhando em tirar a sorte grande. Sua obsessão era a busca por diamantes e sempre que ouvia um “boato” pegava sua esposa e adentrava regiões inóspitas para se juntar a outros garimpeiros em busca de pedras preciosas.

Numa destas viagens acompanhando o marido, Alzira foi acometida por malária e sem os cuidados necessários, sua saúde se complicou a tal ponto que ela não conseguia sair da cama. Certo dia, seu esposo chegou em casa, e vendo a fragilidade de sua saúde, pediu para a mulher que os ajudava que deixasse o fogo acesso e não fosse embora porque ele achava que ela não sobreviveria àquela noite. Embora ela estivesse acamada e quase inconsciente, conseguiu ouvir o comentário de seu marido, e apesar de ser uma católica não praticante, sem nunca ter rezado, disse a Deus: “Senhor, eu não sei orar, só sei fazer promessas, mas por favor me cure, não me deixe morrer, quero ter filhos e formar minha família”. Tendo então feito esta oração, ela muito fraca, adormeceu.

Naquela mesma noite, foi despertada por uma poderosa e estranha luminosidade no seu quarto e percebeu que havia sido visitada por Deus. Levantou-se restaurada e animada depois de alguns dias de prostração física e  caminhou um pouco do lado de fora, sentou-se perto do fogão, e quando seu marido a viu, veio correndo perguntando o que havia acontecido. Depois de ouvir sua história, prometeu-lhe que se ela melhorasse eles iriam para Montes Claros-MG, onde sua mãe estava morando. Dias depois saíram dali e ele abandonou definitivamente o garimpo.

D. Alzira    se converteu depois dos 30 anos e teve contato com o evangelho uma única vez na sua infância. Seus pais moravam numa inóspita região dominada pelo catolicismo no interior da Bahia onde não se falava do protestantismo.  Um dia, porém, sua irmã mais nova teve um grave problema na vista, e tiveram que se deslocar para Fonte Nova-BA (atual Wagner), onde havia um hospital missionário presbiteriano. A viagem durou 15 dias a cavalo. Ali, pela primeira vez  ouviu a Palavra de Deus e se interessou profundamente pela mensagem, mas ao voltar para sua terra nunca mais teve contato com o evangelho, e não conhecia nenhum crente.

Como acontece na mágica dinâmica da criação, a semente ficou ali, abrigada no seu coração, aguardando o momento certo para florescer. Ao mudarem para Anápolis-GO, ela ouviu a mesma mensagem e a semente germinou brotando vigorosamente em seu coração e ela se entregou radicalmente a Cristo, se tornando uma crente firme na Palavra de Deus.

Posteriormente a família mudou-se para Rianápolis-GO, antigamente chamada de Pé de Serra, naquela época um pequeno vilarejo com cerca de 300 pessoas, e ela era a única “crente” da cidade, até que se encontrou com outro evangélico, Seu Joaquim do Mato e seus dois sobrinhos e passaram a ter uma reunião semanalmente em sua casa, convidando pessoas para os cultos evangelísticos. A mensagem da salvação era simples, estudavam um texto bíblico, e o repertório musical era ainda mais simples, repetindo o mesmo antigo cântico:  

A Jesus seguir eu quero
Seja a sorte for qualquer.
Onde quer que vá meu mestre
Seguirei, sem mais temer.

Era o único cântico conhecido e por isto o cantavam em todos os encontros. Algumas pessoas se sentiam atraídas e se aproximavam para ouvir a mensagem mas não tinham contato com nenhum pastor ou igreja instituída, até que um dia apareceu por lá um pastor Adventista da Completa Reforma, uma das linhas mais radicais do Adventismo.

Sua mensagem consistia em regras rígidas de comportamento, forte ênfase legalista, incluindo restrições alimentares como a proibição de tomar café, comer carne de porco e a obrigatoriedade de usar vestidos compridos. Ali chegando, ele batizou muitas pessoas.

Na medida em que D. Alzira estudava a Bíblia mais atentamente, ela percebeu que todas aquelas rígidas leis não faziam muito sentido, e um dia, indo de viagem à cidade de Ceres-GO, pediu orientação a um médico evangélico da cidade, Dr. Domingos Mendes, e ele ficou preocupado com a situação religiosa dos crentes em Rianápolis e disse que quando o Pr. Silas de Brito Lopes, que morava em Goiânia viesse novamente a Ceres, onde fazia visitas pastorais quinzenais ele pediria para que passasse em Rianápolis.

A visita não demorou a acontecer, e o Pr. Silas em sua visita, almoçou em Rianápolis, abriu a Bíblia, dispendendo toda uma tarde respondendo às perguntas curiosas de D. Alzira e mostrando  com mais exatidão o que as Escrituras diziam. Ao sair deixou um livro para que ela lesse. A partir de então, em todas as suas viagens a Ceres, passava também pela sua casa, até quem foi batizada na Igreja Batista de Ceres, em 1953.

Ela teve dois filhos, Edmo e Ernei, e apesar de toda simplicidade, ambos  buscaram a formação acadêmica, e se formaram em Medicina.  Em 1967, Édmo, o filho mais velho prestou vestibular. Naqueles dias ser aprovada na faculdade era um feito extraordinário, e no curso de Medicina, ainda mais difícil. Fizeram sua preparação com muita dificuldade financeira, estudando intensamente, e depois da prova, ao ter acesso aos gabaritos, Édmo verificou que não havia passado.

Chegou em casa triste, irritado e frustrado com o resultado, contou para sua mãe que não tinha conseguido a aprovação. Sua mãe, resoluta e com convicção de pessoas criadas na dureza da vida e com firmeza da genuína fé em Cristo, lhe disse firmemente: “Pare de bobagem, eu tenho certeza que você foi aprovado”, e o filho jovem, reagiu explosivamente com a tola declaração da mãe e arguiu com ela que insistia em dizer que ele seria aprovado, porque ela havia orado por isto e tinha convicção de sua aprovação. Apesar do não, ela insistia em dizer que ele seria aprovado.

Naquele mesmo dia, depois de divulgado o resultado negativo, chegou uma informação surpreendente. Um erro na avaliação da prova de química, prejudicara muitos alunos e esta era exatamente a matéria que o havia reprovado,  um grupo de alunos foi convocado para um novo teste. Ele foi, fez nova prova e foi aprovado.

Esta é uma boa ilustração para filhos que não acreditam em oração de mães piedosas e crentes.