Testemunho do Matheus Vieira
Quando voltamos do Panamá, nossa vida estava uma verdadeira bagunça. O apartamento em São Paulo estava todo empoeirado, e os móveis ainda não haviam chegado. Só o essencial estava lá: um colchão, uma geladeira, fogão e micro-ondas. Tentamos limpar o local, mas ainda assim não havia conforto. Decidimos, então, ficar temporariamente na casa da Vânia, minha sogra, que morava em Moema. No entanto, isso também não era ideal. Vânia não tinha cachorro, e eu, Larissa e nossos dois cachorros, Rufus e Babalu, ficávamos apertados no pouco espaço.
Diante dessa situação, decidimos ir para Anápolis, Goiás. Pegamos o carro, um Agile pequeno, com o ar-condicionado quebrado, duas malas enormes e dois cachorros. A viagem de São Paulo até Goiás foi longa e desconfortável, sem ar, mas, quando chegamos em Anápolis, a sensação de tranquilidade foi imediata. Estávamos sem casa, então ficamos na casa dos meus pais enquanto tentávamos nos organizar e buscar uma oportunidade de trabalho. A experiência de estar em Anápolis após todas as dificuldades que passamos na P&G no Panamá parecia surreal. O contraste era imenso, e a vida estava em um limbo de incertezas.
Em um culto, um dia antes de voltarmos para São Paulo, a Pauline Naoum se aproximou de mim. Ela disse que tinha um sentimento forte para compartilhar. Eu não entendi muito bem o que ela queria dizer, mas, com gentileza, me disse: “Você tem que vir para Anápolis.” Respondi que esse também era o nosso desejo, mas não tínhamos nada aqui – nem emprego, nem casa. Ela insistiu, dizendo que sentia fortemente que era a vontade de Deus, e que Ele cuidaria de tudo: moradia, trabalho e todos os detalhes. Perguntei se aquilo poderia ser uma profecia e, de forma relutante, ela respondeu que não sabia, mas que era um sentimento muito forte, como se Deus tivesse falado com ela. Ficamos com aquilo no coração e oramos, pedindo confirmação divina sobre aquela palavra.
Voltamos para São Paulo, onde fui chamado para uma entrevista na Weber Saint-Gobain. A vaga de marketing parecia promissora, mas, infelizmente, a função oferecida estava em um nível salarial menor do que eu estava buscando. A moça do RH me perguntou se eu teria disponibilidade para me deslocar. Afirmei que sim, e ela prontamente levantou e foi buscar informações em outra sala. “Matheus, eu tenho uma vaga, mas infelizmente ela é no interior, e não sei se te interessaria. Fica em Goiás.” Eu quase pulei da cadeira, tentando me manter calmo. “Sério?” “Sim, mas é no interior, fora das capitais. Chama-se Anápolis.” Quando expliquei para ela que minha família era de lá, ela imediatamente ligou para o gerente, Alexandre: “Alê, tem um candidato muito interessante para a vaga de Anápolis. Você teria tempo para fazer a entrevista?” Do outro lado da linha, ouvi ele dizendo que a vaga já estava fechada e que, inclusive, o candidato estava na recepção para assinar o contrato naquele momento. A moça do RH insistiu, ligando então para o diretor estrangeiro, Asier Moreno, que, apesar de a vaga já estar preenchida, quis me conhecer. Falei com ele em espanhol, afiado pela experiência no Panamá, e a entrevista correu bem. Ele pediu para o gerente, Alexandre, me levar para conhecer a empresa. Mesmo sem uma vaga imediata, ele parecia interessado, e me explicou que a empresa estava em um momento corrido, mas que logo encontrariam uma vaga para o meu perfil.
Depois disso, voltei para Anápolis de carro. Durante a viagem de volta, recebi uma ligação da Ambev, dizendo que queria que eu fosse lá no mesmo dia para uma entrevista. No entanto, eu estava no meio da estrada e não poderia atender à demanda. Isso me fez perder a vaga, mas fiquei em paz, convencido de que Deus estava cuidando de tudo.
Quando chegamos de volta a Goiás, minha mãe me ligou dizendo que estava vendo casas para a amiga dela e se deparou com uma que parecia ser a nossa cara. Ela enviou as fotos, e Larissa, sem nem precisar ver pessoalmente, disse que já poderia ser nossa. Tínhamos o valor exato pela rescisão do antigo emprego, e a situação parecia se encaixar. Fomos direto para a casa em Anápolis e nos encantamos, mesmo tentando não demonstrar demais para o vendedor.
Algumas horas depois, paramos em frente à casa que estávamos considerando e oramos, pedindo a Deus para que Ele nos guiasse. Naquele momento, recebi a ligação do RH da Weber, oferecendo a vaga de Anápolis, que antes estava fechada. Optaram por me colocar no lugar do outro candidato. Eles queriam que eu começasse imediatamente, com um salário bom, carro e benefícios. Aceitei, e tudo parecia se encaixar. Fizemos uma proposta menor para a casa, com o coração apertado, mas certos de que, se fosse para ser, seria nossa.
Quando voltamos para casa, tudo estava começando a se resolver. No entanto, a surpresa veio quando, de repente, recebi uma ligação confirmando que a mudança que esperávamos havia chegado – mas, por engano, me ligaram perguntando para qual endereço deveríamos enviar. Aproveitei a oportunidade e sugeri que enviassem para o endereço de Anápolis. Confirmei o local, e a mudança estava a caminho. Essa coincidência me fez acreditar que, finalmente, todas as peças estavam se alinhando. Algumas horas depois, recebemos outra ligação confirmando que nossa proposta pela casa havia sido aceita pelo vendedor.
Foi um momento de reviravolta: de um apartamento vazio e sem conforto, com tantas incertezas, para, em apenas 24 horas, ter um emprego estável na cidade onde minha família estava, uma casa linda e nova, e a mudança chegando no novo endereço. Deus nos guiou, e tudo começou a fazer sentido. Em questão de dias, tudo mudou, e Anápolis se tornou nosso lar.
Quando olhamos para todos estes acontecimentos vemos como Deus nos guiou de forma tão maravilhosa e abençoada. Tudo no seu tempo, de forma sobrenatural. As palavras da Pauline ainda hoje ecoam em nossa mente: “você pode vir para cá, porque Deus vai cuidar de tudo. Ele vai te arranjar casa, ele vai te arranjar emprego. Ele vai te trazer para cá. E não vai fazer nada incompleto.”
Louvado seja o nome do Senhor!