terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Malas vazias no Natal




Era para ser um evento marcante. O pai estava de viagens e só retornaria no Natal, os dias de privação e escassez pareciam ter ficado pra trás. O pai cuidadosamente preparou os presentes, enchendo a mala de coisas que seus pais filhos desejavam. Estava com saudade da família, desejo de abraçar a esposa e entregar os presentes para os filhos, que não falavam de outra coisa, senão da chegada do pai e dos presentes que trazia consigo.

Era Natal! O que mais um pré-adolescente pode esperar? Tudo seguia o script e estava saindo como desejado. O pai mal esperava também para ver o rosto alegre de seus filhos ao abrir sua mala e distribuir os presentes.

O que era para se transformar num grande evento, tornou-se, porém, motivo de grande tristeza. As malas se extraviaram. Todos os souvenirs estavam dentro dela. Ao sair do aeroporto, estava triste e saiu resignadamente para encontrar sua família em casa. Onde estavam os presentes? Por mais que preparasse a justificativa e tivesse motivos, ele sabia que o brilho e o glamour desapareceriam. Não é isto que nos ensina o velho livro: “A esperança que se adia faz adoecer o coração?”

Ainda na recepção, abraços e explicações. O pai tentava diminuir a sensação de desapontamento quando o seu filho o abraça carinhosamente e diz: “Pai, o senhor é o nosso melhor presente!”.


Como uma palavra de afeto pode transformar um ambiente e um momento. O verdadeiro natal se tornou manifesto, pois na verdade ele só acontece quando se ama de verdade.