Conheci o “Rev Alberto”, no meu primeiro campo ministerial, em Minaçu-GO, Quando era difícil ainda chegar naquela cidade. As estradas eram verdadeiras armadilhas, porque além de muito acidentadas e precárias, o enorme tráfego de caminhões transportando amianto até Santa Tereza, onde tinha asfalto, era verdadeiramente ameaçador. Muitos caminhoneiros não respeitavam carros pequenos, e a viagem então era um verdadeiro rally.
“Rev Alberto” chegava ali de avião para distribuir literaturas evangélicas, bíblias, evangelizar, e levar ajuda para a população de pequenos distritos onde sequer havia estradas, mas que o avião conseguia chegar em pistas improvisadas. Transportava pessoas enfermas dos pequenos vilarejos para os hospitais das cidades mais próximas. Era missionário americano, e viveu no Brasil desde 1961, seus pais foram missionários no Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso. Sua esposa era a Cathy (Catherine).
Começou seu trabalho na Bahia e no fim estava em Tocantins, ligado à Igreja Presbiteriana do Brasil. Era piloto e pastor. Nos últimos anos trabalhou para a Igreja Presbiteriana Independente. Ele e sua esposa ficaram no Brasil até 2001. Ela teve um derrame muito sério e foi levada para os Estados Unidos em um pequeno avião ambulância. Não pôde mais voltar ao Brasil e ele se aposentou.
Ele era um verdadeiro gênio da aviação, descendo em pistas desafiadoras e com condições mínimas de segurança para falar do amor de Jesus e tratar de pessoas doentes. Quando parava em Minaçú-GO, costumeiramente ficava na casa dos amigos Cristina e Daniel Queiroz, que também me hospedavam quase todos os finais de semana que eu estava por lá. Eu pastoreava o campo de Formoso e Minaçú, e estávamos começando uma igreja também em Campinorte-GO. Tudo era feito em estrada de chão, mas eu achava aquilo tudo emocionante andando no fuscão azul que a igreja tinha disponibilizado para minhas atividades pastorais.
Por causa da transferência de ministério para outra cidade, nunca mais encontrei o “Rev Alberto”, até que, já pastoreando a Igreja Presbiteriana Central de Anápolis-GO, soube que sofrera um acidente e seu corpo estava sendo velado na Igreja Presbiteriana Independente para onde me dirigi a fim de me despedir deste respeitável missionário. Morrera num acidente de trânsito, aos 78 anos, na estrada de Goiânia para Brasília, Primeiro foi levado para um hospital de uma pequena cidade, e de lá para Anápolis. Estava com 5 costelas e o externo quebrados. Os médicos o mantiveram em coma e em tenda de oxigênio porque não conseguia respirar. A filha Tina, e seu irmão, que estavam na África a serviço da Igreja Metodista, ainda o encontraram neste estado comático. Morreu no dia 31 de Maio de 2006
O que houve de estranho em tudo isto?
O “Rev. Alberto” era um homem muito organizado na sua agenda e naquilo que fazia. Talvez porque ser piloto exige uma dose muito grande de cuidado nos detalhes e manutenção da aeronave. Então, todas as vezes que ia viajar, marcava os detalhes de sua viagem: Local, empresa de aviação, horário, alguma outra observação que julgava interessante. Mas, no dia em estava marcada sua volta aos Estados Unidos, ele foi a óbito, e na sua agenda onde deveria estar marcado tudo que era necessário fazer antes da viagem, no dia 31 estava apenas a palavra DEPARTURE!(Partida).
Na verdade era tudo o que ele precisava marcar. Estava voltando para os braços do Pai Celestial, no qual não há necessidade de detalhes, burocracia ou mesmo passaporte. A única exigência é que seja lavado no sangue do Cordeiro, e esta condição é sine qua non.
Ele foi sepultado em Anápolis, uma das bases de Asas de Socorro, uma missão com a qual esteve sempre ligado por causa de sua identificação com a aviação.
Muito bem, mas o que me deixou perplexo foi o fato da IPI, nao ter dado o valor notorio a este homem que se dedicou a desbravar a seara do senhor.
ResponderExcluirEu o conheci. E penso que jamais conhecerei alguém como ele. Uma vez ao mês, sempre aos domingos ele ia lá em casa em planaltina go.
ResponderExcluirTenho saudades, as nossas idas ao campo eu era adolescente,mas jamais me esquecerei, ele é dona Catherine Webber ressonar.
ResponderExcluirEu e minha família (em Cavalcante-GO) somos frutos do trabalho do Reverendo Alberto, inclusive fui batizada por ele na infância. Doeu muito em nossos corações a sua partida. Na ocasião, toda nossa Igreja (IPB de Cavalcante) esperava por sua visita, quando fomos surpreendidos pela notícia de seu acidente e posterior falecimento. Ele sempre será lembrado por sua luta em favor da obra do Senhor e por tudo que fez pelo bem-estar das pessoas (centenas, talvez milhares, foram assistidas por aqui e recordam disso, foi um exemplo de servo, mas Deus o quis com Ele, foi a sua vontade. Espero nos reencontrarmos na glória.
ResponderExcluirConheci o Rev Alberto no Ramalho, distrito de Feira da Mata, Ba. Ele pousava ali com seu aviao , em uma pista precária e realizava culto em um pequeno templo, localizado dentro da fazenda de meu pai, ao lado de minha casa. Eu era criança, mas a imagem do seu aviao sobrevoando a serra me despertou para ser piloto, sonho que se realizei anos mais tarde.
ResponderExcluirEle me batizou e fez meu casamento.
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