Clarice
Lispector:
“Morrer às vezes parece um egoísmo,
mas quem morre às vezes precisa muito”
A Descoberta do Mundo, pg 144
Dia 17/02/2014 participei do
funeral da Cicy (Darcy Abreu Rocha), irmã de meu cunhado Abmael Lima de Abreu. Não
tive muito contacto com ela, mas conhecia bem sua história e tive alguns
esparsos encontros com seus filhos Héber, Queila e Fernando. Fui ao
sepultamento em consideração aos irmãos, aos filhos da Cicy e especialmente ao
meu cunhado que tem sido extremamente cuidadoso e amoroso comigo.
O sepultamento se deu na Igreja Batista
de Criméia Oeste, embora ela fosse membro da Capela Presbiteriana. Apesar de
nunca se transferir de igreja, ultimamente frequentava os cultos nesta
comunidade que ficava em frente à sua casa. O pastor que presidiu a cerimônia
estava visivelmente emocionado na medida em que, carinhosamente relatava a história.
Quando aquela igreja resolveu
construir o atual templo naquele lugar, logo após a chegada do pastor e outros 6
membros da nova comunidade que se reuniram no primeiro encontro para lançar a
pedra fundamental debaixo de uma goiabeira, ela se aproximou e disse que fazia
15 anos que orava para que Deus mandasse alguma coisa boa para ser construída naquele
lote. E já fez amizade com os pastores e irmãos.
Quando a igreja resolveu executar
a construção, colocou uma faixa na frente do terreno que dizia: “Se o Senhor não edificar a casa, em vão vigia
a sentinela” (Sl 127.1), ela se
aproximou e disse: “Seria importante colocar também o versículo do Salmo 126
que diz: Grandes coisas fez o Senhor, por
isto estamos alegres”.
Cicy encontrava enorme prazer em
ajudar a obra e ornamentar a igreja. Quando algum novo projeto precisava ser
realizado ela não chegava ao pastor dizendo que algo precisava ser feito, antes
dizia: “Nós precisamos fazer isto...”.
O pastor relatou que muitas
vezes, quando reuniões de liderança se estendiam até tarde, por morava em
frente à igreja, preparava café, biscoitos, bolo ou suco e levava para que as
pessoas que estavam ali trabalhando não ficassem com fome. Continuou cuidando
dos irmãos enquanto sua saúde permitiu.
Ultimamente vinha lutando contra
um câncer. Clarice Lispector afirma que existem determinadas pessoas que sentem
que precisam morrer, porque sua hora é chegada. Precisam partir. Com uma sólida
fé, passou a dizer de forma constante a amigos e pessoas que a visitavam que estava
pronta para ir embora, na hora que Jesus quisesse chamá-la. E foi isto que
aconteceu naquela segunda feira. Depois de um tempo de luta, seu corpo cedera à
doença. Mais que isto, porém, Deus a chamou para perto de si. Afinal, não é
isto que diz as Escrituras: “Preciosa é
aos olhos do Senhor a morte de seus santos”?