segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Dilema


Certo homem me procurou com um doloroso dilema no coração. Seu neto estava com câncer, diagnosticado 32 meses atrás e depois de muitas idas e vindas, deslocamentos, mudanças, consultas e exames diversificados, tratamentos alternativos, quimioterapias modernas veio o diagnóstico doloroso de que nada mais havia a ser feito, do ponto de vista clínico. Eles iriam apenas continuar dando plaquetas e remédios à base de morfina para aliviar a dor.

Numa conversa casual com um colega de trabalho, este lhe relatou que uma mulher de oração havia orado por sua sobrinha e ela fora completamente curada. E agora, ele queria trazer seu neto para que esta mulher orasse por ele. Sua família não queria, mas ele abrigava no íntimo, o sentimento de que se ela orasse, seu neto seria curado.
O desejo dele se intensificou quando leu o texto de 2 Rs 5, que fala do comandante sírio, Naamã, que veio ao encontro do profeta Eliseu e foi curado. Ele entendeu, que isto significava que, se ele trouxesse o neto dele para que aquela mulher orasse, ele teria chance de recuperação, e veio trazer este dilema para que eu, como pastor, o orientasse.

Meu conselho seguiu a seguinte linha de pensamento:

Primeiro, o texto de 2 Rs fala de um homem pagão, não de um homem crente. Naamã era adorador do deus Rimon, que era cultuado na sua terra. A vinda dele para Israel significava a mudança de um paradigma idolátrico para o Deus verdadeiro. Este não era o caso do seu neto.

Segundo, me incomoda o fato de que existem cerca de 5 mil pessoas (estimado), orando pelo seu neto. Muitas igrejas promoveram vigílias para orar pela sua saúde e vida, e Deus não havia respondido. Será que entre tantas pessoas orando, se a cura depende de uma pessoa de fé, não havia nenhuma pessoa com fé suficiente e sólida para isto? A resposta positiva de Deus depende dos méritos espirituais de alguém? A cura depende da oração do homem (orante), ou dos misteriosos projetos e planos de Deus?

Terceiro, a Bíblia fala de pessoas capacitadas especialmente por Deus com dons de cura, sinais e operações de milagres. Isto indica que quando algum problema específico acontecer, deveremos identificar tais pessoas com estes dons excepcionais e buscá-las? Na verdade este é o principio que leva pessoas a encherem estádios atrás de pessoas com supostos dons, e que ao mesmo tempo, desemboca em exageros por partes destes “ungidos“ do Senhor que se auto proclamam pessoas especiais. Não haveriam pessoas com certos dons especiais distribuídos pelo Espirito Santo?

Quarto, arrazoei com este homem que ele se encontrava numa situação bem complexa: (a)- Trazer o neto e obter a suposta cura; (b)- Trazer o neto e ele morrer, considerando sua fragilidade física e ser acusado pelo resto da vida pela família e por si mesmo, de ter agido impulsivamente.

Por último, fiz a mais terrível das considerações, que comporta um grande dilema: Se ele fosse meu neto, como agiria? Já tenho visto pessoas em desespero agirem de forma impulsiva diante de grandes questões, colocando em risco suas vidas e mesmo morrendo na tentativa de salvar alguém amado. Ele não estava buscando um terreiro de umbanda ou outras pessoas espiritualizadas, mas indo atrás de uma mulher piedosa. Seria válido?


Como você, como se comportaria?

Um comentário:

  1. Tendo a afirmar que eu ficaria em oração junto a minha Igreja. Se fosse vontade de Deus curá-lo, Ele encontraria a forma adequada de fazê-lo, seja através do dom de cura de uma das pessoas da Igreja , seja através de um procedimento médico. De uma forma ou de outra seria a vontade de Deus que seria soberana sobre a vida do meu (nosso...) neto !

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