Certo
homem me procurou com um doloroso dilema no coração. Seu neto estava com
câncer, diagnosticado 32 meses atrás e depois de muitas idas e vindas,
deslocamentos, mudanças, consultas e exames diversificados, tratamentos
alternativos, quimioterapias modernas veio o diagnóstico doloroso de que nada
mais havia a ser feito, do ponto de vista clínico. Eles iriam apenas continuar
dando plaquetas e remédios à base de morfina para aliviar a dor.
Numa
conversa casual com um colega de trabalho, este lhe relatou que uma mulher de
oração havia orado por sua sobrinha e ela fora completamente curada. E agora,
ele queria trazer seu neto para que esta mulher orasse por ele. Sua família não
queria, mas ele abrigava no íntimo, o sentimento de que se ela orasse, seu neto
seria curado.
O
desejo dele se intensificou quando leu o texto de 2 Rs 5, que fala do
comandante sírio, Naamã, que veio ao encontro do profeta Eliseu e foi curado.
Ele entendeu, que isto significava que, se ele trouxesse o neto dele para que
aquela mulher orasse, ele teria chance de recuperação, e veio trazer este
dilema para que eu, como pastor, o orientasse.
Meu
conselho seguiu a seguinte linha de pensamento:
Primeiro,
o texto de 2 Rs fala de um homem pagão, não de um homem crente. Naamã era
adorador do deus Rimon, que era cultuado na sua terra. A vinda dele para Israel
significava a mudança de um paradigma idolátrico para o Deus verdadeiro. Este
não era o caso do seu neto.
Segundo,
me incomoda o fato de que existem cerca de 5 mil pessoas (estimado), orando
pelo seu neto. Muitas igrejas promoveram vigílias para orar pela sua saúde e
vida, e Deus não havia respondido. Será que entre tantas pessoas orando, se a
cura depende de uma pessoa de fé, não havia nenhuma pessoa com fé suficiente e
sólida para isto? A resposta positiva de Deus depende dos méritos espirituais
de alguém? A cura depende da oração do homem (orante), ou dos misteriosos projetos
e planos de Deus?
Terceiro,
a Bíblia fala de pessoas capacitadas especialmente por Deus com dons de cura,
sinais e operações de milagres. Isto indica que quando algum problema
específico acontecer, deveremos identificar tais pessoas com estes dons
excepcionais e buscá-las? Na verdade este é o principio que leva pessoas a
encherem estádios atrás de pessoas com supostos dons, e que ao mesmo tempo,
desemboca em exageros por partes destes “ungidos“ do Senhor que se auto proclamam
pessoas especiais. Não haveriam pessoas com certos dons especiais distribuídos pelo
Espirito Santo?
Quarto,
arrazoei com este homem que ele se encontrava numa situação bem complexa: (a)-
Trazer o neto e obter a suposta cura; (b)- Trazer o neto e ele morrer,
considerando sua fragilidade física e ser acusado pelo resto da vida pela família
e por si mesmo, de ter agido impulsivamente.
Por
último, fiz a mais terrível das considerações, que comporta um grande dilema:
Se ele fosse meu neto, como agiria? Já tenho visto pessoas em desespero agirem
de forma impulsiva diante de grandes questões, colocando em risco suas vidas e
mesmo morrendo na tentativa de salvar alguém amado. Ele não estava buscando um
terreiro de umbanda ou outras pessoas espiritualizadas, mas indo atrás de uma mulher
piedosa. Seria válido?
Como
você, como se comportaria?
Tendo a afirmar que eu ficaria em oração junto a minha Igreja. Se fosse vontade de Deus curá-lo, Ele encontraria a forma adequada de fazê-lo, seja através do dom de cura de uma das pessoas da Igreja , seja através de um procedimento médico. De uma forma ou de outra seria a vontade de Deus que seria soberana sobre a vida do meu (nosso...) neto !
ResponderExcluir