domingo, 4 de novembro de 2012

Incandescente



Em Sinop tivemos a alegria de sermos hospedados pela família Huck: Sr. Waldemar e Dália. Ele, descendente de alemães, ela de japoneses. Recepção vip. Gente que sabe receber e deixar o visitante à vontade.

Eles nos relataram uma cena inusitada: um dia vão pescar e resolvem ajoelhar no meio das folhas e orar. De repente, os gravetos começam a brilhar. Da parte de cima das folhas secas, até o caule. Ficaram maravilhados pela experiência e daí para frente este fenômeno passa a acontecer com certa regularidade.
Um dia, ele resolve recolher alguns destes gravetos e levar para o acampamento onde os outros pescadores estavam reunidos. O brilho durou cerca de 15 minutos, até esmaecer e acabar. Doutra feita, um irmão levou para sua casa um dos toquinhos que brilhavam, ele queria mostrar à sua esposa. O toquinho chegou incandescente ate lá, e depois de algum tempo apagou.

Muitas pessoas curiosas acorreram para lá e eram "agraciadas" com o mesmo fenômeno. Combinaram reuniões de orações, e ali se emocionavam com o feito, eram quebrantadas e confessavam reverentemente seus pecados diante de Deus. Certa madrugada,combinaram de orar as 4 hs. Quando o Sr. Waldemar ia levantar, percebeu que ao tocar no colchão, ficava uma marca luminosa e brilhante. Chamou o companheiro do quarto para presenciar o fato, e ambos ficaram ali maravilhados pelo que viam.

Duas perguntas surgem quando ouvimos um relato como este, e não estou disposto a respondê-las, apenas a relatá-las:

1. O que é isto?

Não nos parece que esta pergunta evoca a mesma questão  levantada por um grupo no dia do Pentecostes registrado em Atos 2? "Que quer isto dizer?". Esta é uma pergunta filosófica. Muitos querem conceituar, explicar, dar razões. É a tentativa de dissecar fenômenos, explicar milagres. Muitos querem negá-los, mas na verdade, eles sempre existiram na história, e nem sempre serão devidamente explicados. Deveriam sempre ser?

2. Qual a razão destes fenômenos?

Talvez nunca o saibamos, mas quando ouvíamos estes relatos e indagávamos sobre este assunto, percebíamos que uma das coisas mais lindas que podem acontecer na alma humana estava ali presente: Estes  fenômenos geravam reverência, adoração, temor e assombro. Será que existe alguma coisa errada em estar maravilhado? A verdade é que tais pessoas, diante destes eventos, eram motivadas a orar mais, buscar mais, se santificar mais... Seriam estas razões suficientes? Deveríamos sempre dar "razões" para o “numinoso”, conforme pontuou Otto Rank, um dos ícones da fenomenologia da religião? No livro de Atos lemos que "em cada alma havia temor", uma outra tradução fala de "espanto", a NVI na língua inglesa fala de "awe", uma interjeição que pode ser traduzida como a reação de uma pessoa que fica boquiaberta diante do mistério. Não deveríamos ter, na nossa teologia tão cartesiana e apologética, um pouco mais da dimensão do mistério?

Oh! Se fendesses os céus e descesses! Se os montes tremessem na tua presença, como quando o fogo inflama os gravetos, como quando faz ferver as águas, para fazeres notório o teu nome aos teus adversários, de sorte que as nações tremessem da tua presença!” (Is 64.1,2)

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