D . Alzira Oliveira Pina era de família humilde, sem
qualquer formação intelectual, e casou-se com Irineu, que buscava a
sobrevivência fazendo trabalhos aqui e acolá, com grande atração pelo garimpo, sonhando
em tirar a sorte grande. Sua obsessão era a busca por diamantes e sempre que
ouvia um “boato” pegava sua esposa e adentrava regiões inóspitas para se juntar
a outros garimpeiros em busca de pedras preciosas.
Numa destas viagens acompanhando o marido, Alzira foi
acometida por malária e sem os cuidados necessários, sua saúde se complicou a
tal ponto que ela não conseguia sair da cama. Certo dia, seu esposo chegou em
casa, e vendo a fragilidade de sua saúde, pediu para a mulher que os ajudava
que deixasse o fogo acesso e não fosse embora porque ele achava que ela não
sobreviveria àquela noite. Embora ela estivesse acamada e quase inconsciente, conseguiu
ouvir o comentário de seu marido, e apesar de ser uma católica não praticante,
sem nunca ter rezado, disse a Deus: “Senhor, eu não sei orar, só sei fazer
promessas, mas por favor me cure, não me deixe morrer, quero ter filhos e
formar minha família”. Tendo então feito esta oração, ela muito fraca,
adormeceu.
Naquela mesma noite, foi despertada por uma poderosa e
estranha luminosidade no seu quarto e percebeu que havia sido visitada por
Deus. Levantou-se restaurada e animada depois de alguns dias de prostração
física e caminhou um pouco do lado de fora,
sentou-se perto do fogão, e quando seu marido a viu, veio correndo perguntando o
que havia acontecido. Depois de ouvir sua história, prometeu-lhe que se ela melhorasse
eles iriam para Montes Claros-MG, onde sua mãe estava morando. Dias depois
saíram dali e ele abandonou definitivamente o garimpo.
D. Alzira se
converteu depois dos 30 anos e teve contato com o evangelho uma única vez na
sua infância. Seus pais moravam numa inóspita região dominada pelo catolicismo
no interior da Bahia onde não se falava do protestantismo. Um dia, porém, sua irmã mais nova teve um grave
problema na vista, e tiveram que se deslocar para Fonte Nova-BA (atual Wagner),
onde havia um hospital missionário presbiteriano. A viagem durou 15 dias a cavalo.
Ali, pela primeira vez ouviu a Palavra
de Deus e se interessou profundamente pela mensagem, mas ao voltar para sua
terra nunca mais teve contato com o evangelho, e não conhecia nenhum crente.
Como acontece na mágica dinâmica da criação, a semente ficou
ali, abrigada no seu coração, aguardando o momento certo para florescer. Ao
mudarem para Anápolis-GO, ela ouviu a mesma mensagem e a semente germinou
brotando vigorosamente em seu coração e ela se entregou radicalmente a Cristo, se
tornando uma crente firme na Palavra de Deus.
Posteriormente a família mudou-se para Rianápolis-GO, antigamente
chamada de Pé de Serra, naquela época um pequeno vilarejo com cerca de 300
pessoas, e ela era a única “crente” da cidade, até que se encontrou com outro
evangélico, Seu Joaquim do Mato e seus dois sobrinhos e passaram a ter uma
reunião semanalmente em sua casa, convidando pessoas para os cultos
evangelísticos. A mensagem da salvação era simples, estudavam um texto bíblico,
e o repertório musical era ainda mais simples, repetindo o mesmo antigo
cântico:
A
Jesus seguir eu quero
Seja
a sorte for qualquer.
Onde
quer que vá meu mestre
Seguirei,
sem mais temer.
Era o único cântico conhecido e por isto o cantavam em todos
os encontros. Algumas pessoas se sentiam atraídas e se aproximavam para ouvir a
mensagem mas não tinham contato com nenhum pastor ou igreja instituída, até que
um dia apareceu por lá um pastor Adventista da Completa Reforma, uma das linhas
mais radicais do Adventismo.
Sua mensagem consistia em regras rígidas de comportamento,
forte ênfase legalista, incluindo restrições alimentares como a proibição de tomar
café, comer carne de porco e a obrigatoriedade de usar vestidos compridos. Ali
chegando, ele batizou muitas pessoas.
Na medida em que D. Alzira estudava a Bíblia mais
atentamente, ela percebeu que todas aquelas rígidas leis não faziam muito
sentido, e um dia, indo de viagem à cidade de Ceres-GO, pediu orientação a um
médico evangélico da cidade, Dr. Domingos Mendes, e ele ficou preocupado com a
situação religiosa dos crentes em Rianápolis e disse que quando o Pr. Silas de
Brito Lopes, que morava em Goiânia viesse novamente a Ceres, onde fazia visitas
pastorais quinzenais ele pediria para que passasse em Rianápolis.
A visita não demorou a acontecer, e o Pr. Silas em sua
visita, almoçou em Rianápolis, abriu a Bíblia, dispendendo toda uma tarde respondendo
às perguntas curiosas de D. Alzira e mostrando
com mais exatidão o que as Escrituras diziam. Ao sair deixou um livro
para que ela lesse. A partir de então, em todas as suas viagens a Ceres, passava
também pela sua casa, até quem foi batizada na Igreja Batista de Ceres, em
1953.
Ela teve dois filhos, Edmo e Ernei, e apesar de toda
simplicidade, ambos buscaram a formação
acadêmica, e se formaram em Medicina. Em
1967, Édmo, o filho mais velho prestou vestibular. Naqueles dias ser aprovada
na faculdade era um feito extraordinário, e no curso de Medicina, ainda mais
difícil. Fizeram sua preparação com muita dificuldade financeira, estudando
intensamente, e depois da prova, ao ter acesso aos gabaritos, Édmo verificou
que não havia passado.
Chegou em casa triste, irritado e frustrado com o resultado,
contou para sua mãe que não tinha conseguido a aprovação. Sua mãe, resoluta e
com convicção de pessoas criadas na dureza da vida e com firmeza da genuína fé
em Cristo, lhe disse firmemente: “Pare de bobagem, eu tenho certeza que você
foi aprovado”, e o filho jovem, reagiu explosivamente com a tola declaração da
mãe e arguiu com ela que insistia em dizer que ele seria aprovado, porque ela
havia orado por isto e tinha convicção de sua aprovação. Apesar do não, ela
insistia em dizer que ele seria aprovado.
Naquele mesmo dia, depois de divulgado o resultado negativo,
chegou uma informação surpreendente. Um erro na avaliação da prova de química, prejudicara
muitos alunos e esta era exatamente a matéria que o havia reprovado, um grupo de alunos foi convocado para um novo
teste. Ele foi, fez nova prova e foi aprovado.
Esta é uma boa ilustração para filhos que não acreditam em oração
de mães piedosas e crentes.
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