quinta-feira, 12 de abril de 2018

Você foi aprovado!



D . Alzira Oliveira Pina era de família humilde, sem qualquer formação intelectual, e casou-se com Irineu, que buscava a sobrevivência fazendo trabalhos aqui e acolá, com grande atração pelo garimpo, sonhando em tirar a sorte grande. Sua obsessão era a busca por diamantes e sempre que ouvia um “boato” pegava sua esposa e adentrava regiões inóspitas para se juntar a outros garimpeiros em busca de pedras preciosas.

Numa destas viagens acompanhando o marido, Alzira foi acometida por malária e sem os cuidados necessários, sua saúde se complicou a tal ponto que ela não conseguia sair da cama. Certo dia, seu esposo chegou em casa, e vendo a fragilidade de sua saúde, pediu para a mulher que os ajudava que deixasse o fogo acesso e não fosse embora porque ele achava que ela não sobreviveria àquela noite. Embora ela estivesse acamada e quase inconsciente, conseguiu ouvir o comentário de seu marido, e apesar de ser uma católica não praticante, sem nunca ter rezado, disse a Deus: “Senhor, eu não sei orar, só sei fazer promessas, mas por favor me cure, não me deixe morrer, quero ter filhos e formar minha família”. Tendo então feito esta oração, ela muito fraca, adormeceu.

Naquela mesma noite, foi despertada por uma poderosa e estranha luminosidade no seu quarto e percebeu que havia sido visitada por Deus. Levantou-se restaurada e animada depois de alguns dias de prostração física e  caminhou um pouco do lado de fora, sentou-se perto do fogão, e quando seu marido a viu, veio correndo perguntando o que havia acontecido. Depois de ouvir sua história, prometeu-lhe que se ela melhorasse eles iriam para Montes Claros-MG, onde sua mãe estava morando. Dias depois saíram dali e ele abandonou definitivamente o garimpo.

D. Alzira    se converteu depois dos 30 anos e teve contato com o evangelho uma única vez na sua infância. Seus pais moravam numa inóspita região dominada pelo catolicismo no interior da Bahia onde não se falava do protestantismo.  Um dia, porém, sua irmã mais nova teve um grave problema na vista, e tiveram que se deslocar para Fonte Nova-BA (atual Wagner), onde havia um hospital missionário presbiteriano. A viagem durou 15 dias a cavalo. Ali, pela primeira vez  ouviu a Palavra de Deus e se interessou profundamente pela mensagem, mas ao voltar para sua terra nunca mais teve contato com o evangelho, e não conhecia nenhum crente.

Como acontece na mágica dinâmica da criação, a semente ficou ali, abrigada no seu coração, aguardando o momento certo para florescer. Ao mudarem para Anápolis-GO, ela ouviu a mesma mensagem e a semente germinou brotando vigorosamente em seu coração e ela se entregou radicalmente a Cristo, se tornando uma crente firme na Palavra de Deus.

Posteriormente a família mudou-se para Rianápolis-GO, antigamente chamada de Pé de Serra, naquela época um pequeno vilarejo com cerca de 300 pessoas, e ela era a única “crente” da cidade, até que se encontrou com outro evangélico, Seu Joaquim do Mato e seus dois sobrinhos e passaram a ter uma reunião semanalmente em sua casa, convidando pessoas para os cultos evangelísticos. A mensagem da salvação era simples, estudavam um texto bíblico, e o repertório musical era ainda mais simples, repetindo o mesmo antigo cântico:  

A Jesus seguir eu quero
Seja a sorte for qualquer.
Onde quer que vá meu mestre
Seguirei, sem mais temer.

Era o único cântico conhecido e por isto o cantavam em todos os encontros. Algumas pessoas se sentiam atraídas e se aproximavam para ouvir a mensagem mas não tinham contato com nenhum pastor ou igreja instituída, até que um dia apareceu por lá um pastor Adventista da Completa Reforma, uma das linhas mais radicais do Adventismo.

Sua mensagem consistia em regras rígidas de comportamento, forte ênfase legalista, incluindo restrições alimentares como a proibição de tomar café, comer carne de porco e a obrigatoriedade de usar vestidos compridos. Ali chegando, ele batizou muitas pessoas.

Na medida em que D. Alzira estudava a Bíblia mais atentamente, ela percebeu que todas aquelas rígidas leis não faziam muito sentido, e um dia, indo de viagem à cidade de Ceres-GO, pediu orientação a um médico evangélico da cidade, Dr. Domingos Mendes, e ele ficou preocupado com a situação religiosa dos crentes em Rianápolis e disse que quando o Pr. Silas de Brito Lopes, que morava em Goiânia viesse novamente a Ceres, onde fazia visitas pastorais quinzenais ele pediria para que passasse em Rianápolis.

A visita não demorou a acontecer, e o Pr. Silas em sua visita, almoçou em Rianápolis, abriu a Bíblia, dispendendo toda uma tarde respondendo às perguntas curiosas de D. Alzira e mostrando  com mais exatidão o que as Escrituras diziam. Ao sair deixou um livro para que ela lesse. A partir de então, em todas as suas viagens a Ceres, passava também pela sua casa, até quem foi batizada na Igreja Batista de Ceres, em 1953.

Ela teve dois filhos, Edmo e Ernei, e apesar de toda simplicidade, ambos  buscaram a formação acadêmica, e se formaram em Medicina.  Em 1967, Édmo, o filho mais velho prestou vestibular. Naqueles dias ser aprovada na faculdade era um feito extraordinário, e no curso de Medicina, ainda mais difícil. Fizeram sua preparação com muita dificuldade financeira, estudando intensamente, e depois da prova, ao ter acesso aos gabaritos, Édmo verificou que não havia passado.

Chegou em casa triste, irritado e frustrado com o resultado, contou para sua mãe que não tinha conseguido a aprovação. Sua mãe, resoluta e com convicção de pessoas criadas na dureza da vida e com firmeza da genuína fé em Cristo, lhe disse firmemente: “Pare de bobagem, eu tenho certeza que você foi aprovado”, e o filho jovem, reagiu explosivamente com a tola declaração da mãe e arguiu com ela que insistia em dizer que ele seria aprovado, porque ela havia orado por isto e tinha convicção de sua aprovação. Apesar do não, ela insistia em dizer que ele seria aprovado.

Naquele mesmo dia, depois de divulgado o resultado negativo, chegou uma informação surpreendente. Um erro na avaliação da prova de química, prejudicara muitos alunos e esta era exatamente a matéria que o havia reprovado,  um grupo de alunos foi convocado para um novo teste. Ele foi, fez nova prova e foi aprovado.

Esta é uma boa ilustração para filhos que não acreditam em oração de mães piedosas e crentes.

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