Hoje, 30 de novembro de 2019, resolvi escrever sobre a vida. Não sei se serão memórias ou registros de histórias vividas. Não sou escritor, muito menos poeta. Contudo, em algumas ocasiões me vieram ao coração pensamentos sobre situações da vida (minha e de outras pessoas de convivência ou não) e que senti vontade de escrever. Então, aí vai a primeira:
Em 2019 meu sogro, Dr. Edésio Guimarães Guerra, sofreu um AVC aos 82 anos de vida vindo a falecer no dia 08 de janeiro de 2020, passo a narrar um episódio que aconteceu com ele e que me comoveu muito.
Quando sofreu o AVC, meu sogro, num primeiro momento, não teve seqüelas graves, apenas limitações físicas que já vinha sofrendo anteriormente. Assim, em face de sua debilidade motora, foi necessário o acompanhamento de cuidadores. Passados alguns meses, começamos a perceber uma mudança de comportamento, tais como: perda da memória, confusão mental, dificuldade de entender a realidade. Recentemente, minha esposa procurou um neuropsiquiatra, com especialidade em geriatria e após um exame foi diagnosticado com Alzheimer em seu primeiro estágio.
Meu sogro é natural do Estado do Piauí, nasceu na cidade de Corrente, tendo vivido sua infância e adolescência na cidade de Curimatá, também no Piauí. Então, devido à doença, uma de suas tiradas era pedir para ir para casa, apesar de estar em sua casa na cidade de Anápolis, Estado de Goiás há mais de 50 anos.
Não sou psicólogo, mas creio que se trata daquilo que chamamos de memória afetiva da infância, da família, dos amigos, mesmo num contexto de muita falta de recursos. Ele conta que chegou a passar fome. Minha esposa me contou de um diálogo que ele teve com uma das cuidadoras nos seguintes termos:
Ele disse que queria ir para o céu oportunidade em que a cuidadora o interpelou: para que? Então ele respondeu: para ver Jesus.
Como cristão, comecei e pensar sobre esta atitude do meu sogro de querer ir para casa e também de querer ir para o céu para ver Jesus. As Escrituras Sagradas afirmam que Deus nos fez a sua imagem e semelhança (Gn. 1.27). Há em todo ser humano um vazio que só pode ser preenchido por Deus. Creio também que chegará o dia que eu e você desejaremos ir para casa, para o céu, para junto de Deus. Este anseio Deus implantou em nossos corações. Saudade do Pai. Saudade de Deus. Um dia voltaremos para casa...