O dia 05 de fevereiro
de 2014 foi marcante para minha família. Em 22 horas coisas surpreendentes
aconteceram, incidentes profundos que marcariam e influenciariam nossa vida
naquele ano de forma substancial, e eventualmente decisões futuras.
Em 1963, Edward Lorenz
desenvolveu a “teoria do caos” ou “efeito borboleta”, que se aplica a
todas as áreas das ciências sociais, exatas, médicas, biológicas e humanas – e
mesmo na religião. Em qualquer sistema que seja dinâmico, complexo e adaptativo.
Segundo esta teoria, o
bater de asas de uma simples borboleta poderia influenciar o curso natural das
coisas, e, desta forma, provocar um tufão do outro lado do mundo.
Neste dia, cheguei em
casa às 17 hs e encontrei o meu filho Matheus e a Larissa (nora) literalmente
dançando, em clima de euforia. Ele fora contratado por uma empresa em São Paulo havia
telefonado enviando o contrato para a função de supervisão de Marketing, depois
de cerca de 3 meses desempregado e vivendo debaixo de um enorme stress e
insegurança. Embora sua entrevista
tivesse acontecido em São
Paulo , seu trabalho seria Anápolis. Quando ele foi
entrevistado não sabia desta vaga, mas na conversa com o Departamento Pessoal
eles informaram que só havia esta vaga. Exatamente para a cidade em que
gostariam de mudar.
No dia 06, um dia
depois, outros dois eventos associados ao primeiro também influenciaram suas
histórias. O caminhão de mudança chegava as 7.30 hs e as caixas ocuparam
praticamente dois quartos em casa, depois de fazer a rota de navio do
Panamá-Santos, e pela Rodovia, de Santos a Anápolis. E às 14 hs, o Matheus
fecha o negócio da compra da casa em Anápolis City.
O efeito borboleta é
sensível.
Ter Matheus e Larissa
perto de nós foi um presente inusitado de Deus. Nunca imaginamos esta
possibilidade de forma concreta. Matheus é uma fonte de alegria para nossas
vidas e Larissa se tornou um presente de Deus para nós. Compartilhar seu
glamour, alegria, incertezas e crises, tem sido uma viagem, algumas vezes
tensa, outras vezes de grande prazer. Comer seu risoto, partilhar o maravilhoso
feijão temperado que minha esposa prepara, e jogar sequence se tornou um doce e
construtivo hábito.
Vejam como “a teoria
do caos” parece se aplicar.
Meses depois, Mauricio
(pai da Larissa) também encontra emprego em Anápolis. Sair do
Rio para nossa cidade parece bizarro. Como o bater de asas de uma simples
borboleta influencia vidas, e como eventos isolados realmente tornam-se tão interligados,
afetando diretamente a vida de tanta gente.
A Bíblia diz que
quando os pastores receberam a notícia do nascimento de Jesus, eles foram
tomados de espanto.
Espanto!
Esta é uma palavra
adequada para o Natal. Temos perdido a capacidade de nos espantar, de olhar
para acontecimentos como movimentos de Deus.
Outras palavras são
derivativas: Admiração, Assombro e louvor.
Gostaria, portanto, de
propor outra versão da “teoria do caos”.
Que tal pensarmos na “teoria
da ordem”, já que sabemos que nem mesmo o caos é caótico. Precisamos ver o
“efeito Deus” no bater de asas de uma borboleta. Em gestos isolados e
desconectados que se tornam profundamente transformadores na nossa história.
Humanamente falamos de
“efeito borboleta”, mas teologicamente deveríamos falar do “efeito
providência”. As coisas não são uma mera sucessão de fatos
acidentais e incidentais. Deus governa a história, o nascimento de Cristo
cumpre um lugar especial na agenda do Eterno.
Veja como isto é
verdade:
“Vindo, porém, a
plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher” (Gl 4.4).
O que as Escrituras
Sagradas nos ensinam é que os circuitos da eternidade colidiram com a
cronologia humana. Quando o kairos e o kronos colidiram na cronologia humana e
se entrelaçaram – Deus enviou seu filho.
Natal deve nos causar
gratidão e espanto. Nada é desproposital. Tudo possui fluidez neste sistema
complexo que é a vida. Não é o acaso que vai nos proteger enquanto estamos
distraídos, mas os movimentos divinos, sua palavra, suas mãos que dirigem
nossos destinos. Olhemos estas coisas com espanto e gratidão.
Não “teoria do caos”,
mas providência e direção. Deveríamos sempre ver a “desconstrução” como um novo
lance inusitado de Deus. Diante do caos deveríamos afirmar como o meu sábio
presbítero Joe Wilding gosta de afirmar: “Só quero saber como Deus vai sair
desta...”